No Campeonato Brasileiro de 2023, o incentivo advindo do agronegócio está presente em 85% dos clubes: Palmeiras, Corinthians, Santos, São Paulo, Vasco da Gama, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Internacional, Grêmio, Goiás, Cruzeiro, Atlético-MG, Athletico, Bahia, Fortaleza e Cuiabá. Somente Red Bull Bragantino, Coritiba e América não apresentam patrocínios voltados para o segmento.

Além dos principais times da competição possuírem acordos comerciais com empresas do setor, o próprio Brasileirão Série A também conta com o apoio da indústria, por meio da GIROAgro. A parceria, que vale até o fim do próximo ano, contempla exclusividade no ramo de fertilizantes agrícolas e a presença da marca em locais de destaque, como backdrops, ativações digitais e ações junto aos torcedores.

Leonardo Sodré, CEO da GIROAgro, comenta sobre o negócio selado entre a companhia e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF): “No Brasil, o agro é um dos segmentos econômicos de maior força e geração de renda, o que colabora com a diminuição das diferenças sociais. Da mesma maneira que o futebol, a locomotiva financeira do país é uma das paixões do povo. Unir a nossa empresa, que é totalmente nacional, com o maior esporte local, está de acordo com os valores e princípios que temos”.

Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo e fundador da Wolff Sports, comenta sobre a força do agronegócio no futebol brasileiro: “Trata-se do incentivo de um importante setor da economia nacional para a grande paixão popular. Os investimentos que têm sido feitos, se forem bem geridos, beneficiarão a todos os envolvidos no ecossistema futebolístico”.

Força regional

De acordo com dados publicados pelo Governo Federal, o Mato Grosso tem liderado a produção agropecuária do país nos últimos cinco anos. Somente em 2022, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do estado foi de R$ 210,8 bilhões, o que significa 17% de todo o VPB do país.

“O incentivo de companhias do agronegócio no futebol tem sido positivo para o Cuiabá, que tem como um dos patrocinadores a Agro Amazônia. Esse aporte tem contribuído com nossas metas orçamentárias e com a aquisição de novos jogadores. Cada vez mais as empresas envolvidas com o segmento têm investido no esporte e, como clube sediado em um dos estados mais fortes no ramo, o Cuiabá tem orgulho de estar inserido nesse meio”, completa Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá.

Segundo os dados exibidos pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, o estado registrou um aumento de 4,3% nas exportações nos primeiros meses de 2023 em relação ao mesmo período do último ano. Com um aumento de US$ 7,75 bilhões em vendas internacionais e um crescimento de US$ 1,73 bilhão em importações, houve superávit de US$ 6,02 bilhões em comparação ao valor apresentado em 2022.

“O agro é muito importante para o desenvolvimento do futebol brasileiro, da mesma forma que o esporte é fundamental para o segmento. Observo que foi mapeada uma forte união para ambas as indústrias, uma vez que as companhias têm a oportunidade de mostrar seu tamanho e ter uma parceria direta com público que ama o futebol. Penso que o envolvimento entre os times e as instituições do setor ficam mais fortes a cada momento”, diz Adriano Hintze, diretor de marketing do Guarani.

Assim como os estados do Centro-Oeste brasileiro, todos os integrantes da região Sul do país – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – estão entre os 10 maiores produtores do agro nacional, conforme afirma o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Juntos, os membros da zona mais fria do Brasil somam mais de R$ 330 bilhões no valor bruto da produção agropecuária.

Fábio Pizzamiglio, presidente do Juventude, explica sobre a relevância do agro para a equipe gaúcha: “O futebol recebe um importante apoio do ramo, que é muito significante para a economia nacional. Um exemplo disso é o patrocínio da Efficienza, companhia especializada na exportação de itens voltados para o agro, para o Juventude. Os recordes atingidos pelo setor são traduzidos em expressivos apoio para o principal esporte do país”.

De acordo com os levantamentos publicados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é possível observar a evolução da região Nordeste na produção de produtos relacionados ao agronegócio. A soja, por exemplo, saiu de um valor de 2 mil toneladas na região, em 1980, para uma projeção de mais de 15 milhões de toneladas para o final de 2023.

Yuri Romão, presidente do Sport, clube parceiro da Ambev, companhia que usa grãos na confecção de seus produtos, conclui sobre os acordos comerciais entre o futebol e o agro: “Considero que o apoio deste ramo para desenvolvimento do esporte nacional é de grande importância. Porém, é também algo bastante positivo para o setor ter como aliado um dos grandes amores do povo brasileiro. Na minha visão, os dois lados saem satisfeitos com as assinaturas desses contratos, que unem um expressivo agente econômico e a paixão que existe no esporte”.

 

Fonte: https://exame.com/esporte/brasileirao-17-dos-20-clubes-possuem-acordos-comerciais-com-companhias-relacionadas-ao-agronegocio/