Produção de soja deve somar 166,3 milhões de toneladas; trigo é a única cultura com estimativa de recuo
A expectativa de uma safra recorde no ano agrícola 2024/2025 se manteve nas projeções do 4º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25 realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com os dados apresentados nesta terça-feira, 14, o Brasil deve colher 322,3 milhões de toneladas de grãos, o que é 8,2% a mais do que na safra anterior.
Segundo a Conab, um dos motivos para essa expansão da produção é a área plantada, que deve ser de 81,4 milhões de hectares, representando 1,8% de crescimento na comparação com a safra 2023/2024. Além disso, o clima favorável monitorado durante o desenvolvimento dos cultivos tem ajudado a manter o otimismo com a safra. Confira as expectativas para as principais culturas.
Soja – A produção da oleaginosa deve ficar na casa dos 166,33 milhões de toneladas, ficando 12,6% a mais do na safra anterior. Se confirmada, será uma safra recorde. Quanto à produtividade, a Conab projeta que um crescimento de 9,6%, saindo de 3.201 quilos por hectare para 3.509 quilos por hectare. Também é observado um incremento de 2,7% na área, chegando a 47,4 milhões de hectares. De acordo com a Conab, a colheita deve acontecer em grande maioria a partir do final de janeiro, pois teve uma semeadura concentrada na etapa final de outubro.
Milho – os agricultores devem colher 119,6 milhões de toneladas na atual safra, o que é 3,3% acima da colheita anterior. A estimativa para as três safras de milho é de um aumento da produtividade em 3,8%, projetado em 5.703 quilos por hectare. A área de plantio deve ficar em 20,9 milhões de hectares (-0,4%). No milho primeira safra, há um recuo de 6,4% na área semeada (3,7 mil hectares), devido a opção dos produtores de cultivar outras culturas, principalmente a soja. “É um movimento que vem acontecendo safra após safra”, destacou o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Fabiano Vasconcellos.
Arroz – Com um crescimento previsto de 13,2%, a safra de arroz pode chegar a 11,9 milhões de toneladas. Um dos motivos dessa alta na produção é uma alta na área plantada, estimada em 1,74 milhão de hectares (+8,5%). Dessa área, a semeadura já ultrapassa 90%. Segundo os analistas da Conab, houve um incremento tanto no plantio sequeiro como no irrigado. Houve também um aumento da produtividade em 4,3%, chegando a 6.869 quilos por hectare. “Quando a gente olha estado a estado, principalmente na região Nordeste e Centro-Oeste, lavouras em sequeiro vem ganhando espaço em relação a outras culturas”, afirmou o gerente.
Algodão – O órgão não prevê um aumento na produção de algodão, ficando em 3,69 milhões de toneladas, mesmo com uma área plantada 3,2% maior, ficando em 2 milhões de hectares. Um dos motivos para essa estabilidade, apesar da expansão da área semeada, é uma perda de produtividade, que caiu 3,1%, estimada em 1.845 quilos por hectare.
Feijão – A estimativa é de crescimento de 4,9%, projetando uma safra que pode chegar a 3,4 milhões de toneladas, segunda maior safra dos últimos 15 anos. Produtividade deve ser de 1.170 quilos por hectare (+3,1%), com uma expansão de 1,7% da área semeada (2,9 milhões de hectares). Destaque para a primeira safra do feijão, que pode crescer 15,5%. Ainda conforme a Conab, a colheita dessa primeira etapa está em andamento e até a primeira semana de janeiro tinha 19,4% já concluída.
Trigo – O cereal teve um recuo de 2,6% na produção na safra 2024. Os dados trazem já o fim da colheita que ocorreu em dezembro do ano passado e com um volume consolidado em 7,89 milhões de toneladas. Apesar do aumento da produtividade (+10,6%), indo a 2.579 quilos por hectare, a área plantada sofreu uma redução de 11,9% (3 milhões de hectares). “Em relação às condições climáticas, elas foram bem desfavoráveis para o trigo, com exceção de Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, explicou Vasconcellos.
Conab projeta exportações equilibradas
Com uma safra recorde, as exportações projetadas para o ciclo também devem ter um incremento, principalmente para a soja. As vendas do grão devem passar de 98,6 milhões para 105,4 milhões. Já o farelo deve ficar na casa 22 milhões de toneladas e o óleo em 1,4 milhões de toneladas, parecido com o feito no ciclo 2023/2024.
As exportações do milho podem recuar, com uma projeção de que uma parcela maior da produção fique no mercado interno. Na safra 2023/2024, a Conab estima 38,5 milhões de toneladas comercializadas no mercado externo. Para o atual ciclo, a estimativa é 34 milhões de toneladas. O consumo interno ficou em 83,57 milhões de toneladas e a expectativa é de que chegue a 86,4 milhões de toneladas. O estoque final projetado é de 3,5 milhões de toneladas, superior aos 2,5 milhões da safra anterior.
Com preços nacionais mais valorizados do que os internacionais na maior parte do tempo, além de uma produção brasileira menor e uma recuperação estadunidense, o arroz da safra 2023/2024 deve registrar 1,5 milhões de toneladas. Para a safra 2024/2025, essas exportações devem aumentar, chegando a 2 milhões de toneladas, principalmente, devido a maior produção e um arrefecimento dos preços.