A fruticultura é a principal atividade agrícola do estado do Rio Grande do Norte e dentre as culturas que tem maior destaque, estão Melão, Melancia, Mamão e Manga, os 4 Ms que são carro chefe da produção estadual e alavancam o estado em termos de emprego, renda e relevância no cenário brasileiro e internacional, através das exportações que estão cada vez crescendo mais.

“Desde 2019 o Rio Grande do Norte se transformou, e se consolida a cada ano, como o maior exportador de frutas do Brasil. A nossa fruticultura está baseada nos 4 Ms que eu chamo, principalmente o melão que o nosso carro chefe, estamos muito fortes em melancia que hoje é a segunda fruta mais exportada e estamos exportando também muito bem o mamão, enchendo todas as barrigas de avião e navios com destino à Europa, sejam cargueiros ou de passageiros, com o mamão formosa do Rio Grande do Norte”, destaca o Secretário de Agricultura do Rio Grande do Norte, Guilherme Saldanha.

A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) também reconhece o papel de protagonismo das frutas potiguares junto ao volume exportado pelo Brasil. “Basicamente 100%, ou 95% do melão exportado hoje e uma boa parte da melancia exportada pelo Brasil vem do Rio Grande do Norte e Ceará. Então é muito relevante e esse processo é crescente. Existe muita demanda, existem alguns destinos de longa distância que, por razões logísticas, a gente não consegue ainda alcançar com grandes volumes, mas com a evolução da tecnologia e um trabalho persistente eu não tenho dúvidas de que o melão e a melancia do Rio Grande do Norte logo, logo vão estar nos países asiáticos e vão avançar”, relata Jorge de Souza, Gerente Técnico de Projetos da Abrafrutas.

Além de crescer em volume, as exportações das frutas potiguares crescem também no número de destinos. O Presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande Norte (COEX/RN), Fábio Queiroga, destaca a representatividade dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, outros países europeus, da América Central, Oriente Médio e a recente abertura da China para o melão do estado, após a obtenção do selo de identificação geográfica pelo melão da região de Mossoró.

“A única fruta que o mercado chinês permite entrar a partir do Brasil é o melão aqui de Mossoró que desfruta da identificação geográfica”, comemora Queiroga.

O Diretor Técnico do Sabrae RN, João Hélio Cavalcanti, explica que o selo garante a autenticidade da fruta e que ela veio de uma área livre da mosca das frutas, outra exigência da China para a importação de frutas. “O selo obtido abrange alguns municípios da região que estão livres da mosca das frutas. Este selo traz mais competitividade ao melão, agrega valor neste produto a ser comercializado em qualquer lugar do país e do mundo, já que alguns países exigem determinadas certificações e selos. O selo de origem geográfica é uma exigência da China, o produto para chegar lá tem que ter esse selo, como o melão já tem. Agora torcemos para que todos os produtores possam fazer uso desse selo obtido o mais rápido possível para garantir a autenticidade do melão de Mossoró e avançar no mercado”.

Porém, apesar dessa possibilidade de exportar o melão da região para a China, os embarques ainda estão engatinhando devido à uma série de impeditivos logísticos. Produtor de melão no município de Mossoró/RN, Ajax Dantas, conta que, além do custo para este envio ser muito elevado, à um problema grande quanto aos prazos deste transporte, que acaba prejudicando a qualidade das frutas antes da chegada ao destino final.

A visão da Abrafrutas é de que essas dificuldades realmente ainda existem, mas é otimista com relação ao avanço dessa logística e o destrave das operações em breve. “É uma análise de risco. Nós temos que ter, e ainda não temos no Brasil, uma linha direta de um porto do Nordeste brasileiro para algum porto chinês. Não temos essa linha porque não temos volume ainda, então é um processo que tem que ser muito bem trabalhado entre o setor produtor e os armadores. Tendo essa linha, o período de transfer da fruta, que hoje pode ser 45, 48 ou até mais de 50 dias, pode cair para 36 ou 38 dias, tornando a operação viável. Não basta a fruta chegar, ela tem que chegar fresca e saborosa. Existe demanda e interesse, então é questão de trabalhar nesse sentido”, opina de Souza.

INVESTIMENTOS E NOVAS EMPRESAS

O crescimento dos números da fruticultura e das exportações tem ajudado o estado a trazer novos investimentos e alavancar cada vez mais o setor.

“A capacidade de investimento público do estado é muito pequena e com a fruticultura irrigada a gente capta, todo ano, R$ 1 bilhão de recursos de outros países sendo investidos aqui no Rio Grande do Norte. Gerando emprego aqui, gerando negócios, gerando oportunidades e fazendo com que, através dessas exportações, a gente consiga investir em tecnologia, aumentar a área irrigada e trazer conhecimento do mundo, de Israel, da Espanha, dos Estados Unidos. Hoje temos quatro empresas espanholas produzindo frutas no Rio Grande do Norte, empresa canadense, e outras empresas que há 20 ou 25 anos tinham saído do Rio Grande do Norte e ido para o Ceará retornando ao estado agora”, diz o Secretário.

O Município de Mossoró também já se beneficia dessa onda das frutas, com a chegada de empresas nacionais e internacionais. “A nossa Secretaria de Agricultura já tem recebido uma série de contatos de empresas de Mossoró e de outros estados querendo se instalar na cidade. Não tenho dúvida de que a gente vai passar por um novo cenário, onde as empresas se instalam em Mossoró, então não vamos estranhar de ver mais chineses, japoneses, europeus e norte-americanos se instalando no município. Acabamos de aprovar na Câmara Municipal a doação de terrenos para três novas empresas, entre elas uma de embalagem que vai servir para embalar a fruticultura”, destaca o Prefeito de Mossoró/RN, Allyson Bezerra (SOLIDARIEDADE).

CARACTERÍSTICAS DO ESTADO

Entre os fatores que sustentam esse avanço da atividade agrícola no Rio Grande do Norte estão algumas características especiais do estado como clima, solo, disponibilidade de energia e água, já que toda essa produção de frutas é depende da irrigação nessa região do semiárido.

“É essencial a água nesse processo. Ainda mais no melão e na melancia, que são praticamente água, eles precisam disso para poder crescer, se desenvolver e chegar na mesa do consumidor. A ANA busca então estar mais perto deste produtor, levando informações, mostrando como funciona, quais os regulamentos que envolvem isso neste nosso trabalho de garantir a disponibilidade hídrica em qualidade e quantidade”, comenta Felipe Sampaio Cunha, Diretor d Agência Nacional Águas e Saneamento Básico (ANA).

Além de exaltar as características positivas do estado, o Secretário de Agricultura do RN destaca que a expectativa do governo é que em 2023 as exportações potiguares de frutas cresçam mais de 10% com relação ao registrado ao longo de 2022.

“Primeiro as condições climáticas, não dá pra produzir frutas se não tiver um clima bacana e os solos bons que temos, mas a gente também tem uma segurança hídrica muito bacana. A chegada das águas do São Francisco consolidou ainda mais essa segurança no Rio Grande do Norte, temos água no subsolo que também ajuda muito com a formação do Arenito Açu e a questão da logística tem nos favorecido muito. A gente está muito próximo do porto, algumas regiões estão à 150 km de um porto e aí você tem um custo rodoviário muito baixo para levar um contêiner da fazenda até o porto. Tudo isso tem feito o Rio Grande do Norte se consolidar e acredito que a gente deva crescer entre 10% e 15%”, aponta Saldanha.

 

Fonte: https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/hortifruti/358035-melao-melancia-mamao-e-manga-os-4-ms-que-alavancaram-a-fruticultura-do-rio-grande-do-norte.html