A multinacional Basf divulgou comunicado na noite desta quinta-feira (16/03) referente ao resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão em lavouras de arroz em Uruguaiana (RS). A empresa informa que mantém contrato com as duas fazendas envolvidas no caso para a produção de sementes do cereal.

Em nota enviada à imprensa, a Basf afirma que está “comprometida com o desenvolvimento sustentável ao longo da sua cadeia de valor, que tem como premissa o respeito e a proteção às pessoas, bem como a transparência na sua relação com a sociedade. A companhia condena veementemente práticas que desrespeitem os direitos humanos”.

A Basf declara que “tomou conhecimento sobre o caso envolvendo as Fazendas São Joaquim e Santa Adelaide e lamenta profundamente o ocorrido com os trabalhadores”.

No comunicado, a empresa ainda diz que “decidiu de maneira proativa procurar as autoridades para contribuir com a resolução do caso. A Basf segue exigências de contratação de fornecedores e subcontratados que incluem, entre outras medidas, que as empresas contratadas estejam de acordo com a lei trabalhista e sejam rigorosas no respeito aos direitos humanos. A empresa não medirá esforços para solucionar a situação, contribuir com as autoridades e atuar para assegurar condições adequadas de trabalho, segurança e bem-estar de trabalhadores terceirizados e subcontratados por todos seus prestadores de serviços. A companhia atua no Brasil há mais de 110 anos e investe em inovação para o desenvolvimento das melhores práticas para a agricultura, meio ambiente e a sociedade. A Basf reitera o seu compromisso com a valorização, o respeito e a proteção às pessoas em sua cadeia produtiva”, conclui a nota.

Sobe para 85 número de resgatados

O MTE atualizou, nesta quinta-feira, para 85 o número de trabalhadores resgatados em situação semelhante à escravidão em lavouras de arroz de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. As informações são da RBS TV Uruguaiana, publicadas no portal G1. O número inicial de pessoas resgatadas era de 56, subindo para 82 nesta semana.

Segundo o G1, o MTE e o Ministério Público do Trabalho (MPT) já identificaram os elos da cadeia produtiva do arroz nas duas estâncias onde houve o resgate, entre eles, os proprietários das terras, o arrendatário de uma das fazendas, os aliciadores e uma grande empresa de sementes.

Em entrevista à Globo Rural, representantes da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) e o Sindicato da Indústria do Arroz no Estado do Rio Grande do Sul (Sindarroz-RS) destacaram a importância da identificação dos envolvidos para que o caso seja devidamente esclarecido.

A continuidade das investigações prevê a identificação da responsabilidade dos envolvidos, bem como o pagamento das obrigações para com os trabalhadores, em indenizações individuais, e com a sociedade, em direitos coletivos.

O resgate aconteceu na última sexta-feira (10), em duas propriedades no interior de Uruguaiana. Do total de pessoas, 11 são adolescentes com idades entre 14 e 17 anos.

O que dizem as estâncias acusadas

Para o G1, os proprietários da estância São Joaquim disseram que a área está arrendada para uma pessoa que faz o plantio do arroz no local. Eles alegam que não sabiam das suspeitas de exploração de mão de obra e condenaram o que ocorreu.

Já a estância Santa Adelaide afirma, em nota, que os trabalhadores encontrados não faziam parte do quadro da empresa e que eram terceirizados. A fazenda diz estar à disposição da Justiça para o esclarecimento do caso.

“Somos produtores de arroz há 30 anos e, durante todo este período, procuramos estar rigorosamente em dia com toda a legislação trabalhista, com as devidas normas de segurança e principalmente com o bem estar de todos os colaboradores que estão ou estiveram conosco ao longo destes anos”, informa.

 

Fonte: Globo Rural

https://globorural.globo.com/noticia/2023/03/basf-diz-que-condena-trabalho-analogo-a-escravidao-em-fazendas-de-uruguaiana-rs.ghtml